Em todo o mundo, a classe trabalhadora sofre os efeitos das crises sanitária, econômica e social agravadas após dois anos de pandemia de Covid-19. Inflação, aumento da fome, desemprego, precarização das condições de trabalho e piora nas condições de vida penalizam nossa classe em todos os países.
Para piorar, assistimos desde o último mês de fevereiro a guerra na Ucrânia, que é hoje uma das maiores expressões da barbárie imposta à classe trabalhadora, à custa de disputas imperialistas dos EUA e da OTAN e dos planos expansionistas da Rússia sob o governo de Putin, e que abre uma crise mundial de consequências ainda incertas.
A pandemia demonstrou que esse momento não afetou os setores da sociedade da mesma forma. Em meio a mais grave pandemia desde o século passado, no capitalismo, os governos não foram capazes de priorizar a vida e sequer vacinas foram garantidas a todos os países de forma igualitária. Enquanto a classe trabalhadora e a maioria da população mundial enfrentou a morte, a doença, o desemprego e o aumento da miséria, um punhado de bilionários ficou ainda mais rico, não só apesar da crise sanitária, mas em razão dela.
É em meio a essa situação que teremos o 1° de Maio deste ano, dia internacional de luta dos trabalhadores, data histórica que simboliza a luta em defesa dos interesses da nossa classe contra a exploração e opressão capitalistas.
Uma data que, mais do que nunca, exige reafirmarmos a independência de classe e o internacionalismo.
Não estaremos no palanque com os algozes de nossa classe
No Brasil, o negacionismo e a política genocida do governo de Bolsonaro agravaram as consequências sociais na pandemia, resultando na morte de mais de 660 mil pessoas. Sem falar, na política ultraliberal de ataques aos trabalhadores, aos povos originários e tradicionais, setores oprimidos, ao meio ambiente e à soberania do país. Portanto, a luta pelo “Fora Bolsonaro e Mourão, já” segue sendo uma necessidade urgente para os trabalhadores.
Contudo, se o 1° de Maio nunca foi uma data para juntar em palcos das manifestações representantes de setores patronais e governos que, no dia a dia, são os responsáveis pelos ataques aos trabalhadores, este ano, menos ainda.
Por isso, a convocação das demais centrais sindicais, com a CUT e a Força Sindical à frente, de um ato de 1° de Maio com a presença de partidos e representantes de setores patronais e de governos inimigos dos trabalhadores, é inaceitável.
Assim como fizeram com a Conclat 2022 (Conferência Nacional dos Trabalhadores) querem realizar um 1° de Maio à serviço da Frente Ampla e da candidatura Lula/Alckmin. Esse é o caráter do ato nacional convocado em São Paulo, bem como em outros estados.
A CSP-Conlutas sempre construiu pautas comuns para as lutas e manifestações. No entanto, não podemos concordar em participar de palanques com algozes da nossa classe e apontar aos trabalhadores uma saída eleitoral e alianças com a burguesia em meio à profunda crise que vivemos.
Apontar a luta independente dos trabalhadores e o socialismo
Estamos vendo uma onda de mobilizações no país, em que diversas categorias explodem em lutas contra a situação de carestia dos alimentos, preços dos combustíveis, destruição do meio ambiente e ataques aos direitos, promovidos por governos e patrões.
Trabalhadores da CSN realizam uma mobilização que desafia a mineradora privatizada anos atrás e a burocracia sindical. Metalúrgicos da Avibras após 30 dias de uma poderosa mobilização conseguiram reverter 420 demissões e reintegrar os trabalhadores. Garis no Rio de Janeiro, trabalhadores rodoviários, funcionalismo municipal, estadual e federal de várias categorias como professores, servidores do INSS, trabalhadores de aplicativos, metroviários, entre outros, realizam greves, protestos e paralisações em todo o país no último período. Moradores de ocupações lutam contra despejos; povos indígenas, quilombolas e camponeses resistem aos ataques do governo Bolsonaro a seus territórios.
Os movimentos sindical e popular têm de apontar uma saída aos trabalhadores que não passe por projetos de conciliação de classes e alianças com a burguesia. É necessário apontar a ação independente dos trabalhadores e a ruptura com este sistema capitalista de exploração e a necessidade do socialismo.
Por atos classistas e internacionalistas
Esse é o caráter do ato alternativo que a CSP-Conlutas estará construindo em São Paulo no próximo domingo, dia 1° de Maio, e em outros estados onde isso também se faça necessário para se contrapor a atos em conciliação com a burguesia.
Fazemos um chamado aos trabalhadores/as, à juventude, às organizações sindicais e movimentos populares da cidade e do campo, a construir um 1° de Maio de Luta, Classista e Internacionalista.
Por emprego, direitos e aumento geral dos salários!
Pela redução e congelamento dos preços dos alimentos, combustível e gás de cozinha!
Pelo direito à moradia, Despejo Zero!
Reforma agrária, titulação e demarcação das terras de povos indígenas e quilombolas, já!
Fora Bolsonaro e Mourão!
Pela vitória da resistência Ucraniana. Fora as Tropas de Putin e pelo fim da OTAN!
Fonte: CSP-CONLUTAS – 25/04/2022