Quarto dia da Jornada de Lutas Federal tem debate sobre orçamento público e visita a parlamentares

14 de março de 2025

A Jornada de Lutas do Funcionalismo Público Federal entrou no seu quarto dia com um debate sobre orçamento público, com a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli. A atividade ocorreu na manhã desta quinta-feira (13), na sede do ANDES-SN em Brasília (DF), e foi transmitida também pela internet.

Fattorelli abordou os ataques aos serviços públicos, contidos no Arcabouçou Fiscal. Segundo a coordenadora da ACD, a atual conjuntura econômica do país escancara a centralidade do Sistema da Dívida no desmonte dos direitos sociais. Ela reforçou a urgência de se enfrentar esse sistema para garantir a recomposição dos orçamentos públicos da União, estados e municípios. “O problema está na estrutura do modelo”, afirmou.

Conforme dados apresentados durante o debate, em 2024, os juros e amortizações da dívida pública consumiram quase R$ 2 trilhões, mais de 40% do orçamento da União “R$ 4,648 trilhões). No mesmo período, os recursos destinados à Educação representaram menos de 3% do orçamento do ano passado.

A auditora-fiscal falou sobre o não cumprimento, por parte do governo federal, dos acordos firmados com as categorias do funcionalismo federal em 2024 e o condicionamento da aprovação da Lei Orçamentária Anual de 2025 (LOA) para a aplicação do reajuste pactuado com as entidades representativas dos trabalhadores e das trabalhadoras do serviço público federal.

Maria Lucia ressaltou que, enquanto o dinheiro para o Plano Safra foi liberado, no final do ano, imediatamente após a edição de uma medida provisória, as servidoras e os servidores aguardam, até o momento, a aprovação da LOA para que os reajustes acordados com o governo sejam aplicados, apesar da MP 1.286 ter sido publicada no final de dezembro de 2024. “Se há uma MP para o plano Safra e uma MP para atender as reivindicações de servidores, porque que uma entrou em vigor e a outra não? E, com essa chantagem toda do Congresso, e se essa MP caduca?”, questionou. “Realmente, quem está mandando no Brasil é o mercado financeiro”, afirmou.

A coordenadora da ACD ressaltou que é fundamental que os movimentos sindical e social continuem cobrando, do governo, mais recursos para políticas públicas e o respeito aos direitos sociais para fazer enfrentamento ao projeto de desmonte de direitos que está sendo implementado para atender interesses do mercado. “Muita gente acha que lutar é lutar contra o governo. Ao contrário, quando o setor social luta, ele impede que o poder econômico passe por cima do governo de vez. Nós temos sim que lutar”, ressaltou.

Clarissa Rodrigues, 2ª vice-presidenta da Regional Leste do ANDES-SN, lembrou que os dois eixos da jornada de lutas são a cobrança, no Congresso Nacional, da votação imediata da LOA e, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do cumprimento dos itens do acordo de greve que independem da aprovação da LOA.

Nesse sentido, a docente ressaltou a importância do debate com Maria Lucia Fattorelli, atividade que fez parte da Jornada, pois contribui para aprofundar a compreensão de importantes aspectos da disputa do Fundo Público, instrumentalizando as categorias na luta por mais investimento no serviço público.

O pagamento dos juros e rolagem da dívida sobrepõe diversos orçamentos, principalmente o da Educação, Saúde, pagamento de pessoal. Os dados apresentados mostram que a gente tem um investimento cada vez menor com os servidores públicos, com a Educação, uma diminuição significativa do Fundeb, por exemplo. Tudo isso ‘roubado’ pela dívida.

A diretora do ANDES-SN destacou ainda que, apesar da LOA trazer a projeção o orçamento para as universidades e institutos federais muito abaixo da necessidade, no momento, nem o que foi previsto tem sido aplicado, pois ainda não foi aprovado. “Nós estamos na metade de março e isso vai paralisar os serviços públicos”, alertou.

“Foi um debate importante, que deve ser replicado nas sessões sindicais. Nós teremos outros debates como esse, por exemplo, na reunião do GT Verbas, que fará uma discussão também sobre essa questão do arcabouço fiscal, com a participação de pessoas que compõem hoje a coordenação da Auditoria Cidadã da Dívida”, acrescentou.

Visita a parlamentares
No período da tarde, as e os participantes da Jornada deram sequência à panfletagem junto a deputadas e deputados para cobrar agilidade na aprovação da LOA e da MP 1.286/24. Mais de 100 gabinetes já foram visitados. Foi distribuída uma carta elaborada pelo Fórum das Entidades Nacionais de Servidores Públicos Federais (Fonasefe), intitulado “O Orçamento do país está travado!” (leia aqui). Também foi entregue, nos gabinetes das lideranças, uma carta elaborada pela Comissão Nacional de Mobilização (CNM) do ANDES-SN (acesse aqui).

A Jornada de Lutas será concluída nesta sexta-feira (14), com participação na plenária da Fasubra.

Próxima semana
Uma nova jornada, com intensa agenda de mobilização, está prevista para a próxima semana, entre os dias 18 e 20 de março. Conforme a circular 113/2025, encaminhada nesta quinta (13) para convocar a mobilização, o relator da LOA, senador Angelo Coronel (PSD/BA) indicou a votação do relatório para 19 de março.

Leia também:
Jornada de Lutas do Funcionalismo Federal teve início com ato no aeroporto de Brasília nesta segunda (10)
Seminário e panfletagem na Câmara de Deputados marcam segundo dia da Jornada de Lutas
Docentes vão ao Palácio do Planalto cobrar de Lula cumprimento do acordo de greve

Fotos: Thamires Barreto/pelo ANDES-SN
Fonte: ANDES-SN – Publicado em 13 de Março de 2025 às 17h28. Atualizado em 13 de Março de 2025 às 18h19

Fale conosco agora