A demora na realização de manutenção corretiva do Ginásio do Campus de Campina Grande da UFCG provocou o desabamento do teto da unidade na manhã do domingo (12/09). O local estava interditado desde janeiro, após um laudo da Prefeitura Universitária considerar o prédio de “grau de risco crítico”, principalmente na estrutura da sua cobertura.
A falta de manutenção adequada para o Ginásio vinha sendo verificada há décadas. O chefe do Núcleo de Esportes e Lazer, Dione de Assis Souza, numa solicitação de providências para o problema, encaminhada à Coordenação de Apoio Estudantil, em setembro de 2020 (Processo SEI nº 23096.034620/2020-88), lembrou que em seus 36 anos de existência o prédio nunca passou por uma reforma geral e já apresentava danos em sua estrutura metálica danos devido à corrosão, além de goteiras e da necessidade de substituição do telhado de amianto por uma cobertura de zinco, mais leve e resistente.
Na solicitação Dione de Assis também revelou que em 2012 a instituição conseguiu licitar os serviços de recuperação e manutenção do ginásio, orçado na época em R$ 315.441,52, porém a empresa vencedora não executou o serviço.
Demora
Embora a falta de manutenção adequada para o Ginásio venha se acumulando nas últimas gestões da UFCG, a demora na implantação de uma reforma pelos atuais gestores também pode ser facilmente constatada, já que o encaminhamento do laudo dos engenheiros da UFCG à Prefeitura universitária, certificando a situação crítica da estrutura da cobertura, ocorreu no dia 04 de janeiro deste ano e até o desabamento nenhuma iniciativa para reforma foi registrada.
Numa conversa informal com a diretoria da ADUFCG, no dia 13/09, a Pró-Reitora de Assuntos Comunitários, Maria Angélica Satyro, revelou que não existem recursos financeiros no orçamento da UFCG de 2021 previstos para a recuperação do Ginásio.
Descaso
O desabamento do teto do Ginásio do campus de Campina Grande por falta de manutenção adequada é mais um capítulo do descaso do Governo Bolsonaro com conservação das universidades. Outro exemplo na UFCG que resiste ao tempo está na destruição do acesso a ponte que unia a passarela que passa ao lado do Centro de Extensão José Farias Nóbrega à Biblioteca Central ao Centro de Ciências e Tecnologia – CCT.
O acesso foi destruído em março de 2020, após o rompimento de uma barragem próxima do local e nenhuma obra foi realizada para recuperar a ligação entre os setores do campus.
Cortes
O descaso com a manutenção da UFCG tem como pano de fundo os constantes cortes no orçamento das universidades Federais, justificados pelo governo com o limite do teto dos gastos, previstos na PEC 95, a chamada PEC da Morte, que limita investimentos na área social até 2036. Para o orçamento de 2021 a previsão é que a redução de recursos destinados a instituição seja de 20,3%, o que equivale a R$ 18 milhões.
Em maio deste ano o ANDES-SN denunciava que o “corte na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 impacta o já reduzido orçamento destinado para o ensino superior no país que é de R$ 4,5 bilhões, valor 18,2% menor que o de 2020, sem a correção da inflação. A medida afetará as 69 instituições de ensino vinculadas a União e trará prejuízos ao ensino, pesquisa, extensão e à assistência estudantil, com graus diferentes e sem critério conhecido. Do corte de R$ 1 bilhão, por exemplo, R$ 177,6 milhões atingem diretamente a assistência estudantil, destinada aos estudantes carentes, que representam mais de 50% dos matriculados, segundo dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes)”.
Fonte: ADUFCG – 14/09/2021