O aumento da informalidade fez com que a taxa de desemprego caísse no país no último trimestre encerrado em julho deste ano. A um olhar mais desatento fica parecendo que o resultado é do início de uma eventual recuperação do nível de emprego no país, mas o que está oculto nesse dado é uma situação alarmante: a deterioração do mercado de trabalho no Brasil, com aumento da precarização e perda de direitos dos trabalhadores.
De acordo com o levantamento da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional de Empregados e Desempregados), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ), divulgada na sexta-feira (30), a taxa de desemprego caiu de 12,5% para 11,8%.
Mas essa aparente melhora, no entanto, é fruto do aumento da informalidade, que atingiu recorde no último trimestre. Dos 93,5 milhões de empregados, 38,6 milhões são informais. Isso representa 41,3% da população ocupada.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE Cimar Azeredo ponderou que por trás da aparente redução do desemprego é preciso “ver a qualidade dessas ocupações”. De acordo com o pesquisador, mais da metade das cerca de 2 milhões de vagas criadas em um ano são de trabalhadores por conta própria, ou seja, trabalhadores informais.
O número é considerado recorde com alta de 1,4% na comparação entre abril e junho deste ano. Número que pode ser maior, se considerar os “bicos” feitos pelos trabalhadores, que não entram neste levantamento.
Outro dado que chama atenção é a população subutilizada, que atinge 28,1 milhões, subindo 2,6% comparado ao mesmo período de 2018.
O rendimento dos trabalhadores que estão na informalidade também caiu cerca 1% no ano passado, de R$ 2.311 para R$ 2.286. O que reforça que as novas vagas ocupadas informais, costumam oferecer salários mais baixos.
Somado à informalidade, o desemprego segue em nível elevado. Mais de 12,6 milhões de pessoas continuam em busca de trabalho, um número altíssimo, que associado à precaridade nas relações de trabalho, deixa um cenário desolador para o trabalhador.
Para o dirigente da CSP-Conlutas Paulo Barela, esse levantamento confirma que a política de ultradireita e ultraliberal de Bolsonaro/Mourão se não for derrotada vai devastar as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores brasileiros.
“O desemprego continua muito alto no país. Além disso, quem está trabalhando está em subempregos, com baixos salários, em uma conta que não fecha favoravelmente para o trabalhador. O pior é que as medidas que esse governo defende, como mais reformas trabalhistas para reduzir direitos e o ataque às aposentadorias vão piorar ainda mais essa situação”, ressaltou.
Reforma da Previdência vai piorar o que já está ruim
Atrelado a esse cenário, a Reforma da Previdência irá impossibilitar que o trabalhador, que está desempregado ou na informalidade, consiga se aposentar.
As Centrais Sindicais durante essa semana estão impulsionado um calendário de lutas para fazer pressão no Senado pela não aprovação da reforma.
Somente a mobilização pode derrotar os ataques desse governo de ultradireita que está a serviço dos ricos e poderosos. Não à Reforma da Previdência e abaixo os ataques do governo Bolsonaro/Mourão!
Fonte: CSP-CONLUTAS – 03/09/2019