Implantação do ensino remoto na UFCG resulta em sobrecarga de trabalho para docentes e danos para sua saúde

24 de maio de 2021

O ensino remoto na pandemia tem resultado em um aumento considerável da carga de atividades para 83,2% dos(as) professores e professoras da UFCG e, em muitos casos, sob condições de trabalho razoáveis ou ruins, com consequências diretas na queda da qualidade de vida e danos à saúde da categoria. A constatação está numa pesquisa realizada por um grupo de trabalho criado pela Associação dos Docentes da UFCG – ADUFCG, no segundo semestre de 2020. O resultado final da pesquisa pode ser acessado e baixado na página da ADUFCG.

A pesquisa investigou o impacto do ensino remoto durante o Regime Acadêmico Extraordinário – RAE, implantado pela Reitoria da UFCG no segundo semestre de 2020. Um dos primeiros itens questionados foi o grau de envolvimento e de adesão dos professores à proposta de ensino remoto formulada pela Reitoria.

Segundo os dados coletados, 43,5% dos docentes não concordaram com a forma de adesão ao regime, sugerindo que o RAE poderia ter sido implantado de outra forma. Em relação às medidas administrativas adotadas pela Reitoria no enfrentamento da pandemia, 38,2% dos professores responderam que elas foram pouco satisfatórias, 26,7% afirmaram que as medidas foram insatisfatórias e 34,4% avaliaram que foram satisfatórias, prevalecendo a discordância com a gestão da instituição nesse quesito.

Trabalho

Um dos itens mais importantes da pesquisa foi o impacto do ensino remoto no trabalho e na vida dos(as) professores e professoras. Pelos resultados dos 131 questionários respondidos de forma completa, constatou-se que o tempo dedicado ao ensino remoto foi maior que o ensino presencial. 42,7% dos docentes responderam que trabalhou “muito mais” do que a carga horária prevista; 40,5% responderam que trabalhou “mais”, e para 13% foi o mesmo dispêndio de força de trabalho. Apenas 3,8% afirmaram ter trabalhado menos.

Apoio

Sobre o apoio da Universidade para o desenvolvimento do ensino remoto, mais de 75% dos professores respondentes demonstraram estar insatisfeitos, sendo que 42,7% afirmaram que foi “pouco satisfatório”, 33,6% que foi “insatisfatório” e apenas 21,4% consideram que o apoio por parte da instituição foi satisfatório.

Condições

Como o ensino remoto está sendo realizado através da Internet, a disponibilidade de equipamentos e o acesso a navegação tornou-se um item essencial no trabalho dos docentes. A pesquisa apurou que para 41,2% dos participantes, as condições são boas. Para 38,9%, são regulares e para 12,2% são ruins. Apenas para 7,6% dos respondentes as condições são excelentes. Os coordenadores da pesquisa ressaltam “que nesta questão, fica muito evidente que a maioria dos/as docentes enfrentou problemas com a rede de Internet. Isso fez com que alguns tivessem que fazer um novo plano, bem como adquirir novos computadores, câmeras, entre outros equipamentos. Vale salientar que no trabalho remoto, os docentes arcam com todas as despesas necessárias para realização das atividades acadêmicas, incluindo todos os equipamentos, plano de internet e energia”.

Saúde

Outro item fundamental no impacto do trabalho remoto implantado na UFCG investigado na pesquisa da ADUFCG foi a saúde dos(as) professores e professoras. Nos questionários 60,3% dos participantes relataram que desenvolveu algum tipo de problema físico ou mental relacionado ao trabalho remoto e 39,7% responderam que não. Entre aqueles que responderam que sim, 64,6% desenvolveram ansiedade, 63,3% estresse, 48,1% problemas na coluna, 34, 2% problemas de visão, 16,5% desenvolveram lesão por esforço repetitivo (LER), 6,3% problemas com depressão, 2,5% problemas de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Outros problemas como nervosismo, trombo homorroidal, crise de labirintite, esofagite, insônia, tendinite, inchaço nos pés, fadiga mental e corporal também foram citados pelos respondentes.

Mulheres

Os coordenadores da pesquisa ressaltam que o fato de 83,2% dos(as) professores(as) enfrentarem uma carga de trabalho maior no ensino remoto, aponta a necessidade de diferenciar a forma como o problema atinge mulheres e homens, já “que as atividades produtivas se misturam com as atividades reprodutivas de cuidado com os filhos e demais familiares, gerando uma sobrecarga de atividades, principalmente para as mulheres, causando reflexos na saúde, através de vários sintomas”.

Metodologia

O instrumento utilizado para coletar informações e atender aos objetivos da pesquisa, foi um questionário com 46 questões qualitativas e quantitativas dirigidas aos docentes da UFCG de todas as Unidades e Centros, filiados e não filiados à ADUFCG. Na etapa de elaboração do instrumento metodológico, participaram do GT os/as seguintes docentes: Élvia Lane Araújo do Nascimento, Lemuel Dourado Guerra, Luciana Leandro da Silva, Raimundo Nonato Duarte, Ramonildes Alves Gomes e Roseli de Fátima Corteletti.

Foi criado um formulário no Google Forms, o qual foi amplamente divulgado por e-mail e através das redes sociais, como WhatsApp, Facebook e através dos contatos individuais dos/as coordenadores/as da pesquisa. O período para coleta dos dados foi de 14 de dezembro/2020 a 31 de janeiro/2021. Foram obtidas 135 respostas, sendo que 131 docentes responderam de forma completa ao instrumento, portanto esse foi o total de respostas analisadas, número que corresponde à cerca de 10% dos docentes da UFCG, portanto considera-se uma amostra bastante representativa.

Fonte: ADUFCG – 24/05/2021

Compartilhe:

Deixe seu comentário

Fale conosco agora