A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou, na última terça-feira (20), um ato simbólico exigindo a destituição da reitoria interventora da universidade. A manifestação aconteceu no campus central, com representantes de entidades docente, discente, técnico-administrativo e de coletivos.
Na quarta-feira (21), completou sete meses da intervenção do governo de Jair Bolsonaro na UFRGS. No ano passado, Carlos Bulhões e Patrícia Pranke foram nomeados reitor e vice-reitora, contrariando à autonomia universitária e o processo de escolha da comunidade. Desde então, a administração tem operado mudanças estruturais sem diálogo com as instâncias e segmentos da instituição.
Em março deste ano, o Conselho Universitário (Consun) deliberou contrariamente às alterações, fusões, criações e extinções nas pró-reitorias, órgãos e setores da UFRGS. O parecer da Comissão Especial do Consun, que analisou o projeto, apontou ausência de justificativas científicas e práticas, indicando a necessidade de revogação e, se necessário, elaboração de novo projeto que justificasse as alterações. De acordo com a Resolução Nº 62/2021 do Consun, a reitoria deveria desfazer a reestruturação administrativa em até 30 dias. O prazo encerrou no dia 12 de abril. Diversas entidades, entre elas, a Seção Sindical do ANDES-SN na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ANDES-SN/UFRGS), publicaram uma nota conjunta exigindo respeito à autonomia e ao cumprimento de decisão do Consun, que é o órgão máximo deliberativo da universidade.
Mudanças
As modificações na estrutura das pró-reitorias e de outros órgãos começaram já no primeiro dia do mandato interventor. Um dos pontos mais criticados foi a junção das pró-reitorias de graduação e pós-graduação e a criação de uma pró-reitoria de Inovação e Relações Institucionais – que ficou sob comando de Geraldo Pereira Jotz, coordenador não apenas da campanha eleitoral de Carlos Bulhões, como da intermediação para sua nomeação pelo governo federal.
“Seguimos lutando por algo que deveria ser premissa da Reitoria de uma universidade pública: respeito à comunidade acadêmica e diálogo. Desde a intervenção e posse da gestão interventora, o que se viu foram condutas autoritárias, desconsideração à democracia e desconsideração às reivindicações de docentes, estudantes e técnicos, em uma atuação afinada com o processo de interferência adotado pelo governo Bolsonaro”, afirma Rúbia Vogt, presidente do ANDES/UFRGS.
O ato de terça (20) foi organizado pelo ANDES/UFRGS, Sindicato dos Técnico-Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (Assufrgs), Associação dos Pós-Graduandos da UFRGS (APG/ UFRGS), Diretório Central de Estudantes da UFRGS (DCE/ UFRGS), representantes da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), coletivos Ação Docente e Virada em Movimento e outros coletivos de luta.
Foto: ANDES/UFRGS
Fonte: Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, com edição do ANDES-SN