A Universidade Federal de Campina vive há mais de 290 dias uma intervenção do Governo Bolsonaro com a nomeação do reitor e do vice-reitor derrotados na consulta eleitoral, integrando um grupo de 23 instituições federais que amargam esse tipo de ação política e ideológica. A intenção é de acelerar o desmonte e a destruição da universidade pública brasileira, que foi construída por gerações como uma instituição pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada.
No dia 02 de dezembro a comunidade acadêmica vivenciou mais uma prova dos inúmeros prejuízos que a intervenção está trazendo para o funcionamento da nossa universidade. Um grupo de professores, estudantes e técnico-administrativos tentou realizar um protesto contra a visita do ministro da educação, Milton Ribeiro, ao campus de Campina Grande, para a inauguração do Centro de Eventos da instituição.
O grupo foi impedido de acessar local da solenidade por um grupo de seguranças patrimoniais de uma empresa contratada pela Reitoria. A ação repressiva resultou em agressões aos manifestantes e comprovou que esse grupo de segurança tem sido utilizado como polícia para reprimir manifestações e integrantes da comunidade universitária que desagradem os gestores de plantão.
Quem veio ao campus no dia 02 de outubro constatou uma presença consideravelmente maior de seguranças na entrada principal realizando um controle de acesso, que junto com agentes de trânsito e de policiais federais no Centro de Eventos montaram um verdadeiro “aparato de segurança”.
Não foi a primeira vez que isso ocorreu. Durante a visita do ministro da ciência e tecnologia, Marcos Pontes, em 2019, os seguranças foram utilizados pela gestão anterior da UFCG para “blindar” o integrante do Governo federal de encarar manifestações contrárias e também impedir um protesto que denunciava os cortes de verbas para a educação e a ciência e cobrava a recomposição do orçamento federal.
A iniciativa da atual gestão interventora da UFCG de utilizar seguranças como polícia na repressão é ilegal e inconstitucional, fazendo a comunidade acadêmica relembrar de forma preocupante do modus operandi utilizado pela ditatura militar. A universidade é por excelência o lugar da livre manifestação de pensamentos e de ideias, do debate de opiniões e da convivência com a diversidade.
Por outro lado, a justificativa de integrantes da Reitoria que o acesso foi restrito e que todos os interessados em participar da solenidade de inauguração deveriam se cadastrar previamente cai por terra, já que nenhuma divulgação antecipada da iniciativa ocorreu para os interessados em acompanhar uma solenidade pública, numa instituição pública.
A diretoria da ADUFCG repudia de forma pública e veemente a iniciativa dos gestores interventores contra a manifestação dos movimentos sindical e estudantil da UFCG e conclama a comunidade acadêmica e suas entidades representativas a reagirem, evitando a naturalização dessa arbitrária, antidemocrática e retrograda forma de atuação da Reitoria da instituição.
Campina Grande, 10 de dezembro de 2021